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Blog Viver

Como pensar habilidades para a vida?

Atualizado: 7 de nov. de 2019




Foto Samanta
Mestre em Psicologia Experimental pela PUC-SP, ela conta que foram suas angustias pessoais que a motivaram a aprender e ensinar que qualquer indivíduo pode manejar seu autocontrole, autoconhecimento e tomadas de decisão, entre outras habilidades.

“Ter uma vida com sentido e não apenas sobreviver”. É com essa proposta que a psicóloga Samanta Cavalcanti, mestre em Psicologia Experimental pela PUC-SP, criou o Instituto Viver, em Salvador, Bahia, para ensinar o que ela chama de habilidades para vida. O trabalho da analista comportamental, com mais de 8 anos de experiência, ganhou notoriedade com indivíduos no espectro do autismo, onde ela e sua equipe ensinam habilidades básicas, mas ela aponta que o caminho para o aprendizado de habilidades mais complexas, que são fundamentais para vida de todos os indivíduos, é o mesmo. Autoconhecimento, autocontrole e tomadas de decisão são, em resumo, algumas das habilidades que a psicóloga deseja passar para seus pacientes, que já formam fila de espera para ser atendidos por essa profissional que se tornou referência no assunto no Brasil. 

“O que me motivou a fazer este trabalho e abrir um instituto de habilidades para vida foi a minha própria dificuldade de me conhecer e de tomar decisões. Todo indivíduo passa por isso, e comigo não foi diferente. Tenho histórico de ansiedade e de me cobrar demais. Hoje, já aprendi algumas coisas, outras estou em aprendizado, mas a minha maior motivação é o desejo de que as pessoas não passem pelo que eu passei. E se eu aprendi, sou capaz de ensinar. Ensino para a minha equipe que trabalha comigo e para meus pacientes. Meu foco é levar esperança para pessoas que estão sofrendo e que ninguém parou para ensiná-las como agir naquela situação”, confidencia Samanta sobre sua motivação para o trabalho tão reconhecido como analista comportamental. 

Afirmando não existir uma ‘fórmula de bolo’ e focando em um trabalho bastante personalizado, a psicóloga tenta resumir o que seriam as habilidades para vida que cada indivíduo precisaria aprender.

“As habilidades são muitas, mas a forma de ensinar é basicamente a mesma. Uma criança com desenvolvimento atípico, por exemplo, pode necessitar aprender habilidades básicas como usar o banheiro. Mas, um adulto que tenha, por exemplo, síndrome do pânico, precisa desenvolver uma habilidade emocional específica. Eu ensino por meio de um planejamento e da confecção de um plano individualizado. Habilidades para vida podem ser aprendidas se forem ensinadas”, aponta Samanta, que resume: “Se tivéssemos que criar uma grande categoria de habilidades, teríamos que primeiro ensinar a pessoa a manejar variáveis que controlam seu próprio comportamento. Ou seja, autoconhecimento, autocontrole e tomadas de decisão encaixariam bem num resumo do que ensinamos para nossos pacientes.”

Trabalho com crianças e suas famílias

Seja por comportamentos que causam sofrimento, isolamento social, ou até mesmo pela dificuldade em dizer “mamãe”, são muitos os motivos que os pais procuram o Instituto Viver e a psicóloga Samanta Cavalcanti para a realização de um atendimento. O primeiro ponto a ser levado em conta, segundo a psicóloga, é que todo trabalho com crianças inclui também um processo de análise com sua família, e que 80% da garantia de sucesso deste atendimento depende da responsabilidade que os pais vão ter com todo o processo.  

“Muitos pais chegam e pedem: consertem essa criança para mim. Porém, se a criança em casa está agressiva é porque ela aprendeu que funciona assim. E se os pais permitiram isso com a criança é porque não encontraram outra maneira. Então, meu trabalho é tratar a família toda. E existem sim, muitas famílias que não sabem dar limite.”, conta Samanta, que realiza muitas vezes uma terapia de casal para melhorar a relação de toda a família. 

Com exceção das crianças no espectro do autismo, que atualmente são os casos mais atendidos no Instituto, Samanta revela que os pacientes ‘mais graves’ são os que dão resultado primeiro: “Quando a criança não é atípica, ou seja, quando ela não tem um diagnóstico que de fato determina uma baixa cognitiva, ou alguma dificuldade física, os casos mais graves melhoram mais rápido. Isso porque os pais já chegaram num limite que topam o que for preciso para que a situação mude. Muitos pais são resistentes ao tratamento, e eu já até perdi pacientes por isso, mas o importante é que a dedicação da família toda seja igual e com empenho.”

Instituto Viver é para qualquer indivíduo:

Projeto iniciado em 2015 e que ganhou seu próprio espaço em 2016, o Instituto Viver atende atualmente com 18 profissionais, além de Samanta Cavalcanti, fundadora do local ao lado de seu marido, e também psicólogo, Bruno Cesar Sousa. Reconhecido pelo trabalho forte com indivíduos no espectro do autismo, o foco do local é atender qualquer pessoa, adulto ou criança, que tenha a necessidade de aprender e de desenvolver habilidades para vida. O local dispõe de uma sala de produção e treinamento voltada para a confecção de todo material necessário e para a contínua formação da equipe de profissionais. São quatro salas de atendimento, um agradável espaço de convivência comunitária e uma confortável recepção. 


A Análise do Comportamento é a ciência que norteia as intervenções do instituto. Através dela é possível observar, analisar e manejar as variáveis que controlam os comportamentos do Vivente. O termo “ABA”, muito conhecido no tratamento de pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), significa Análise do Comportamento Aplicada (tradução do inglês Applied Behavior Analysis). No entanto, “ABA” não se restringe ao tratamento do TEA, podendo ser utilizada em diversos ambientes além da terapia, como por exemplo: escolas para manejo de sala de aula, ou empresas para gestão de funcionários.


Em se tratando de clínica, o atendimento se inicia com a avaliação das habilidades que o vivente possui em seu repertório, das lacunas e excessos comportamentais. A partir disso é traçado um plano individualizado de intervenção, com uma sistematização hierárquica das habilidades a serem ensinadas. A programação é elaborada por um analista do comportamento e a aplicação (no caso do modelo intensivo) é realizada por equipe de profissionais treinados. A intensidade da intervenção pode variar de 1 hora de sessão (geralmente em modelo de Terapia Analítico-Comportamental) a 40 horas semanais, a depender da demanda.


No atendimento de pessoas com desenvolvimento atípico (Transtorno do Espectro do Autismo, Síndrome de Down, Paralisia Cerebral, Microcefalia, etc.), a carga horária deve ser intensiva (20h a 40h semanais) e abrangente, havendo acompanhamento terapêutico nos vários ambientes em que o Vivente esteja inserido, assim como a participação da família e de outros profissionais. As intervenções desse tipo devem ser precoce e intensiva para melhor prognóstico.

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